16 de março de 2006

Eu tenho a impressão de que a cidade fica bem ali. No parapeito da minha janela. Basta subir,debruçar, olhar pra baixo e assim, ver as milhares de luzes de milhares de lugares que ninguém sabe ao certo o que é.

A cidade está cantando. Uma harmonia mal planejada, sinfonia confusa. Dedo e buzina. Mas,afinal, de quem é a esquizofrenia? Do dedo ou da buzina?

A situação do ar está regular. Mas daqui a pouco chove. E nada como a noite de São Paulo depois de umas horas de chuva.

Enquanto isso,o menino de rua se esconde debaixo do viaduto. Mas é empurrado por algumas rampas, feitas de material áspero e pontiagudo. E isso machuca o menino. Melhor ficar com a chuva ou procurar algum ponto de ônibus, mesmo que esteja lotado. É só esperar.
O difícil é não ter itinerário nenhum pra esperar. Ser só pra não se molhar.

E a sinfonia continua, embora o vidro do carro esteja fechado.
A obra continua a crescer, embora ainda não tenha dono.
A chuva continua a cair, mesmo que o frio já esteja aqui.
Mãos continuam estendidas, ainda que estejam vazias. A minha e a sua.

Logo mais, vai passar aqui embaixo da minha janela, uma multidão. Façamos silêncio.

Um comentário:

La Masturbación disse...

Teresinha do Higienópolis, diferente de mim, aprendeu a conviver com o barulho da cidade. E é por isso que hoje o trasforma em poesia.

Isso aqui tá cada vez mais tua cara. Aliás, há partes suas que até então eram desconhecidas. E por isso o não reconhecimento!

Um brinde ao auto-encontro! E a nós!

Amo, loucamente
beijos
fer