21 de janeiro de 2008

Não gosto de nada que tire o brilho dos olhos dos meus amigos. Nada que aconteça a eles passa por mim sem deixar uma réstia de dor.

Não são tempos fáceis. São tempos em que os ventos trazem notícias ruins, as aflições engrandecem.

No mundo do futuro, o mais difícil é saber para onde ir. Não há samba nem cachaça para servir de anestesia.

A cidade de pedra maltrata. A cidade de rio é longe e deixou de proteger.

Meus amigos têm a cara e a alma limpa. Sonham. Criam como se vida a isso se resumisse. E sonham sempre.

A esperança de dias melhores nos espreita, embora às vezes tão a espreita que parece não estar em lugar nenhum.

De longe se vê que os tempos hão de mudar e eles se esforçam para tudo correr bem.

Sem motivos aparentes, a tristeza corre sorrateiramente por seus rostos. Eu quase posso ver.

E eu, só consigo lançar palavras frágeis, construídas em prosa e verso.

20 de janeiro de 2008

João Passarinheiro - terceira parte

Depois desse acontecimento, o pai isolou-se numa busca eterna pela mulher. Mal falava com o filho e deixou de preparar-lhe a marmita de arroz, feijão e bife, que costumava trocar pelo peixe abundante no riacho que corria perto da casa. Desde então, Passarinheiro deu para tomar muito café que ele mesmo torrava e servia ao pai nos fins de tarde, quando chegava de sua incursão diária pela mata verde e cerrada. Fumava cigarro de fumo de corda que trocava no armazém de Seu Joaquim por um punhado de café fresco servido todas as tardes pelo comerciante. Era magro e esguio, andava descalço sempre, por maior que fosse a caminhada.


[Aviso aos navegantes: para entender esse texto, creio que seja preciso ler as outras duas partes, perdidas, embora facilmente encontráveis, em cantos desse blog. Era só e tudo isso]

8 de janeiro de 2008

me dê notícias de você

É minha fuga.
Meu delírio.
Meu silêncio e meu suspiro.

Tudo está lá fora.
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Quieto.
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À espreita de um descuido meu.

Esse descuido que nunca vem.
É um medo que me assiste.
Sem trégua.