21 de julho de 2006

Vinho. Cigarro. O agora e o daqui a pouco. O que eu espero e o que me surpreende. Eu sonho acordada. Eu sonho dormindo. Eu sonho o tempo todo. Não há quem resista à incapacidade de sonhar. Espero. Aconteço. Devagar. Sempre. Em frente. Acostumo-me, mas não deveria. Não me acostumo. Quero. Abdico. Tudo o que será. Tudo o que não é. Palavras vazias. Texto completo. Não fiz. Eu quis. Deslumbre. Ceticismo. Falta encantamento pra ver a poesia da rua. Sobra alegria com pouco. Engano e desengano. Acredito e acredito. Duvido, mas é por pouco tempo. Eu encho a página de palavras. Eu entendo. Eu questiono. Eu tenho de me acostumar. Não sei viver sem algumas coisas. Outras preferia não ter. Eu não choro mais quando ouço aquela música. E nem sorrio mais quando leio aquele poema. Ônibus todos os dias no mesmo horário. Caminhadas pela mesma rua. Elaboro teses. Descontruo teses. Leio. É pouco. É tudo tão pouco!

14 de julho de 2006

"sei que assim falando pensas que esse desespero é moda em 2006"

Estou aqui fazendo as malas. Colocando todas as roupas que julgo importante e que estão espalhadas pelo chão do quarto. De repente me dou conta da bagunça que está o meu quarto. Não só o quarto. A casa toda. É o meu próprio retrato. Jornais espalhados pelo chão e empilhados por sobre um banco. Os livros que eu não consigo parar de comprar. Os discos que ganhei e que até agora não coloquei no aparelho de som para ouvi-los. Posso estar perdendo uma grande descoberta musical. Mas é que agora eu prefiro ouvir aquelas canções que eu já decorei e que estão gastas. Também é o meu retrato. Medo de descobrir o novo, mas ansiosa por ele. Só que ainda não coloquei no aparelho de som. Sempre gostei de ficar sozinha. Só assim é possível descobrir. Hão de perguntar se há algo a ser descoberto. Sim, claro que sim. Tudo está a ser descoberto.
Fico aqui pensando se não há algumas coisas que eu deva mudar. Tipo colocar os livros na estante e separar os discos que eu ainda não ouvi. Mas gosto deles assim. Espalhados, esperando que um dia eu olhe para eles e diga que chegou a hora. Todas as coisas que eu não vivi e todas as coisas que eu já vivi. E que hoje são sorrisos. E lágrimas. Mas que foram coisas em si. Existiram. Mas agora eu preciso terminar de arrumar as malas.


em tempos de guerra eu é que não quero ficar calada.