14 de julho de 2006

"sei que assim falando pensas que esse desespero é moda em 2006"

Estou aqui fazendo as malas. Colocando todas as roupas que julgo importante e que estão espalhadas pelo chão do quarto. De repente me dou conta da bagunça que está o meu quarto. Não só o quarto. A casa toda. É o meu próprio retrato. Jornais espalhados pelo chão e empilhados por sobre um banco. Os livros que eu não consigo parar de comprar. Os discos que ganhei e que até agora não coloquei no aparelho de som para ouvi-los. Posso estar perdendo uma grande descoberta musical. Mas é que agora eu prefiro ouvir aquelas canções que eu já decorei e que estão gastas. Também é o meu retrato. Medo de descobrir o novo, mas ansiosa por ele. Só que ainda não coloquei no aparelho de som. Sempre gostei de ficar sozinha. Só assim é possível descobrir. Hão de perguntar se há algo a ser descoberto. Sim, claro que sim. Tudo está a ser descoberto.
Fico aqui pensando se não há algumas coisas que eu deva mudar. Tipo colocar os livros na estante e separar os discos que eu ainda não ouvi. Mas gosto deles assim. Espalhados, esperando que um dia eu olhe para eles e diga que chegou a hora. Todas as coisas que eu não vivi e todas as coisas que eu já vivi. E que hoje são sorrisos. E lágrimas. Mas que foram coisas em si. Existiram. Mas agora eu preciso terminar de arrumar as malas.


em tempos de guerra eu é que não quero ficar calada.

2 comentários:

thaispimenta disse...

bonito demais.

tô chorando.

me encaixei nele.

La Masturbación disse...

- Acredita que teu fim chegou?

- Eu nunca soube exatemente o que é o fim.

- Pois eu sinto ele no meu peito.

- E dói?

[Silêncio]

- Mais do que conseguem imaginar

(Acho que preciso de ajuda)