21 de dezembro de 2009

Delicadeza

Um vagalume me atravessou.

E ele era bem mais bonito que todas as luzes de natal da Av. Paulista.

30 de novembro de 2009

Segunda nota sobre pequenos fracassos

Eu vi um silêncio que me chamou.

Conheço silêncios assim, sem nome, que engolem.

É um silêncio que sempre me convida a entrar em sua imensidão.

O silêncio me revela.

27 de novembro de 2009

Nota sobre pequenos fracassos

[Desconhecer o motivo das lágrimas é uma maneira delicada de enlouquecer]

26 de novembro de 2009

Oh! Darling


Oh! darling, please believe me
I'll never do you no harm
Believe me when I tell you
I'll never do you no harm


Oh! Darling, if you leave me
I'll never make it alone
Believe me when I tell you, ooo
Don't ever leave me alone


When you told me
You didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and cried
When you told me you didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and died


Oh! Darling if you leave me
I'll never make it alone
Believe me when I tell you
I'll never do you no harm
(Believe me darling)


When you told me
You didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and cried
When you told me you didn't need me anymore
Well you know I nearly broke down and died


Oh! Darling, please believe me
I'll never let you down
Oh, believe me darling
Believe me when I tell you, ooo
I'll never do you no harm
.
.
.
[Observações importantes: 1) diferentemente do restante do blog - disponível em CC - a foto e a música estão protegidas pelas leis do Copyright. É só um lembrete. 2) a letra é do Paul, mas eu gosto tão mais do casal John e Yoko que optei por eles para ilustrar essa maravilha. É isso!]

28 de setembro de 2009

Insônia

É quase como olhar o mundo através de uma janela banhada pela chuva. Turvo e melancólico.

É ser obrigada a conviver consigo durante longas horas e participar de uma discussão que não chega a conclusão alguma.

17 de agosto de 2009

pílula

Lembro que naquela tarde o suspiro foi doloroso, embora fizesse sol após longos meses de chuva.

13 de julho de 2009

Se eu pudesse explicar, diria que não durmo há dias, que não sonho há meses, que eu não saio mais de casa.

Diria que intencionei trocar meus amigos, ainda que a ausência deles viesse a me doer como uma cólica constante nos rins.

Diria que escrever se tornou um sufoco, que ler se tornou um tormento e que a música me ensurdece.

Se eu pudesse explicar, diria que o vinho há muito virou vinagre e que eu continuo sorvendo o líquido, agora ácido, sem sequer me dar conta.

3 de junho de 2009

eu silencio

O silêncio, minha querida, às vezes é vontade de não existir e também pode ser um louvor à vida. O silêncio é descanso, mas pode ser inquietação. O silêncio é a fala desistida de ser proferida, mas também é nossa surpresa diante da beleza da prosa e da poesia. O silêncio é o choro contido enquanto o peito rasga e grita de dor. O SILÊNCIO É COVARDIA E É CORAGEM. O silêncio é respeito e petulância. O silêncio revela o conforto da intimidade. O silêncio revela o fim. O silêncio aponta a direção certa, mas dissimula as outras opções. O silêncio agride e, ainda assim, é a melhor forma de afirmação.

29 de maio de 2009

pensamento

E de repente ela se calou. Manoel de Barros diria que entrou em estado de árvore. Eu não entendo de árvores, mas compreendo os silêncios.

27 de maio de 2009

Pedaços de carnaval

Despediram-se. Era findo o carnaval. As fantasias continuavam pelo chão e os pedacinhos de confete se perdiam sobre a cama. Aquelas coisas todas prenunciavam o cheiro da quarta-feira de cinzas silenciosa. Não havia muito o quê dizer, eles sabiam que o amor iniciado na sexta-feira, acabaria, inevitavelmente, na noite da terça.

Naqueles dias, muita coisa foi dita, sem nenhuma delas ser previamente questionada. A certeza do anonimato e do fim anunciado permitiu-lhes trocar confidências. Trataram-se como se trata a própria consciência, aquela que tem a exclusividade dos pensamentos mais sombrios, dos medos enjaulados e das vontades impublicáveis.

Encontraram-se na rua, em meio aos blocos coloridos de pierrots e colombinas fantasiados. Ao se olharem de cara nua, meio deslocados na bagunça dos tambores e dos tamborins, se aproximaram encabulados. Sem dizer palavra alguma, rumaram para fora da folia e sentaram na sarjeta para fumar um cigarro.

- Eu tenho medo de deixar o gás ligado e um belo dia chegar em casa e não ter mais casa nenhuma. Eu às vezes penso em fugir de todas as pessoas que eu conheço, embora eu as ame sem medidas, só para ter de inventar uma vida nova e não me reconhecer mais na minha. Eu tenho vontade de fazer amor com um desconhecido numa noite de carnaval sem sequer saber seu nome.

- Eu tenho medo de encontrar uma desconhecida no carnaval e desejar fazer amor com ela, sem sequer saber seu nome. Eu tenho vontade de deixar o gás ligado em casa, só para um dia chegar lá e não ter mais casa nenhuma. Eu penso em conhecer e amar pessoas para abandoná-las depois.

25 de março de 2009

Há tantos cataventos na varanda que penso que o ar correndo entre as pás sente cócegas.

O morador do apartamento dos cataventos gosta de saber como o vento que passa se comporta.

Ele sai de sua toca quando o catavento explica que o vento está propício a bater em seu roso.

13 de janeiro de 2009

Eu me encontro nos contrários. Nas coisas que se negam e evitam se completar. Eu me encontro na coisa torta, no sentimento confuso, na arte de não saber. Eu me encontro no desaprendizado, na palavra densa e na expressão vazia.

Encontro-me na rua escura e esfumaçada, nos ambientes silenciosos. Encontro-me com pessoas de olhar ausente.
No suspiro.
No desapego.
Na inconstância das opiniões certeiras.

Não tenho planos.

Vejo muito mais coisas do que gostaria. É que essa mania de não parar de olhar me conduz para observações inconvenientes. Me coloca na alma dos outros e me transforma em poucos de tudo, em dores de todos, em alegrias gerais.