Se eu pudesse explicar, diria que não durmo há dias, que não sonho há meses, que eu não saio mais de casa.
Diria que intencionei trocar meus amigos, ainda que a ausência deles viesse a me doer como uma cólica constante nos rins.
Diria que escrever se tornou um sufoco, que ler se tornou um tormento e que a música me ensurdece.
Se eu pudesse explicar, diria que o vinho há muito virou vinagre e que eu continuo sorvendo o líquido, agora ácido, sem sequer me dar conta.