23 de abril de 2007

[O mundo - caquinho de vidro -
tá cego do olho, tá surdo do ouvido
O mundo tá muito doente
O homem que mata, o homem que mente]
Zeca Baleiro, Chico Cesar, Lenine, Paulinho Moska


Não existe nada de errado em querer mudar o mundo, existe? Afinal de contas, ele é chato, trata as pessoas de maneira desigual e anda caduco, como bem nos adiantou Drummond décadas atrás.

Tenho percebido que o mote “mudar o mundo” virou símbolo de uma juvenília sonhadora. Conformar-se se tornou símbolo de amadurecimento. Mas isso não deveria ser assim, deveria?

Afinal de contas, mesmo o mais feliz dos seres sempre encontra algo do que se queixar. Sempre aponta que algo está errado. E o que a gente faz quando algo está errado? A gente concerta, muda. Isso é uma unanimidade, todo mundo diz que o mundo está errado. É por isso que eu me pergunto: O que há de errado em querer mudar o mundo?Ou então mudar o mundo tornou-se sinônimo de adultecer? Então lá um adulto nunca muda o que está errado?

Partindo de uma constatação absolutamente empírica, não vejo que isso é o que realmente acontece. Então porque não querer mudar o mundo? Ou pior, considerar que quem o quer mudar é apenas um imbecil sonhador?

Sabe aquela coisa bem velha: se não quer ajudar, também não atrapalhe? Pois é, acho que deveria ser assim! E olha que mudar nem sempre envolve grandes riscos. Há mais riscos em deixar rolar o que errado está. Então, por favor, se eu sou a fim de mudar e você não, também não vá torcer para que isso não dê certo. Até porque, o mundo que eu quero mudar não é só meu, é seu também.

É do rico poderoso que vive muito bem obrigado, mas sempre com medo da violência que o espreita, quanto do cara que todos os dias vende balas nos trens para dar de comer aos seus filhos e tem outros medos tantos.

9 de abril de 2007

Sempre é assim quando eu vou e piora quando eu volto. Sempre a melancolia, a última cerveja, as roupas passadas na mala já rasgada, a saudade dos tios, a despedida na rodoviária pequena e escura. Sempre o cigarro antes da partida.

É assim todas as vezes. Eu teimo em ir, eu me arrependo de ficar e me entristeço ao sair.
Quem sabe seria melhor se eu não mais voltasse, mas também não serviria de nada a ansiedade que guardaria ficando por aqui. O fato é que eu sempre acabo indo, sempre hesitando antes de decidir ir, sempre com preguiça e cabisbaixa por ter de voltar.


Para quem não percebeu, cá estão, escondidas na subjetividade, as angústias de quem abandona sua terra, mesmo que não seja ela, natal.

É difícil explicar o vínculo com a terrinha, é tentador rompê-lo, é impossível conseguir. São as pessoas que te viram crescer e a liberdade que se tem no convívio, a saudade de só estar junto. Depois tem também aquelas vidas que fazem parte da sua de tanto que a gente sabe sobre elas. Interior né? Só observando tudo isso é que a gente consegue pensar naqueles autores que pensaram a comunidade e o lugar do indivíduo nesse contexto teórico e maluco entre sociedade e comunidade. Se eu me permitisse, se eu concordasse comigo, se eu ousasse distribuir conselhos, diria a todos que experimentassem uns meses no interior.

Vicia.

5 de abril de 2007

Ah, se os tempos fossem outros! As perguntas e afirmações seriam também diferentes

Machado de Assis bloga no terreiro de Mãe Menininha do Gantois, que também já passou dessa para melhor