10 de agosto de 2006

"Rio, quero ser a curva que contorna a Urca, ou aquilo que remete ao samba, Rio, quero ser a crista que contorna a onda, e quebra em mim"
(Paulo Vigu)

Assim, sem explicação nenhuma, tive saudade do Rio de Janeiro. E explico a falta de motivo. A cidade é bela, belíssima. Dona de paisagens que jamais vi iguais nos meus curtos 20 anos. Estando lá, desisti de um dia morar na cidade maravilhosa. Eu que sempre morei nessa hipótese. Mas preferi a prisão workaholic da também São Paulo. Não tenho nenhum vínculo afetivo com a cidade, além do de ser brasileira. Praia não é meu passeio favorito, já que prefiro a montanha e o frio.
Eu sinto falta do cheiro de maresia que qualquer cidade banhada pelo mar possui. Mas que lá é diferente. Talvez porque no caminho, ainda na Dutra, fiquei construindo um Rio de Janeiro imaginário. Cheio de pré-idéias que construía em minha arquitetura subjetiva de Rio de Janeiro. Eu sinto falta do que sem querer, aprendi. Das bermudas passeando pelas ruas e dos bares com mesas na calçada. Estátuas históricas desfilando pelas calçadas ornamentadas pelas tradicionais ondulações azuis. Qual o mar que nem sequer pus os pés e deixei assim uma irmã inconformada. Sinto falta das risadas que dei com uma amiga enquanto passeava por bulevares repletos de arvores frondosas. Algumas coisas eu consegui entender. Coisas que eu imaginava através das músicas que narravam o lugar. Das pessoas mais despreocupadas. Das favelas que se mostraram iguais ao que sempre vi em pérolas do cinema nacional e da minha vontade de entrar para ver e conhecer. Mas não uma curiosidade dos que vêem a pobreza como atração turística da esquerda. Mas saber porque enfim eu não nasci ali, mas aquilo indiscriminadamente mora em mim. Assim como todo o Rio. Não pertenço a ele.Mas ele a mim, ah, isso sim.