23 de agosto de 2010

Cuba



(Trilha sonora para a leitura aqui ou aqui)

E então como é que a gente abrevia o que viveu? Como é que a gente conta uma história sobre um lugar com a pretensão de que nossos queridos possam viver tudo aquilo através dos nossos olhos?

As fotografias não são suficientes e acompanhadas de um relato fiel talvez ficassem congeladas no tempo e espaço dos dias quentes, do ritmo abundante guardado nos tímpanos, dos pés que se perderam nas ruas de um lugar que jamais poderíamos antever, da falta de sal da comida criolla e do sabor temperado das gargalhadas inesperadas.

E se eu tentasse definir o quanto eu mudei, creio que teria mais a dizer sobre aqueles onze dias que sobre meu último ano de vida, explicado com clareza naqueles minutos solitários frente aos questionamentos do mar.

Viver não se explica. Mesmo. Tudo é muito mais fruto de saltar no desconhecido e esperar que o mundo seja gentil como uma mãe ao nos embalar.


3 comentários:

Fê. disse...

Ela, ao tentar contar o que viu, se confrangia: era como se tentasse guardar o Sol numa caixa de fósforos.

Nanquim disse...

Bonito, isso.

Como fazer caber no mundo o não caber do mundo em si.

Marcelo Quaz disse...

Priscila, obrigado por essa lembrança. Voltei pra lá e vi vc a ler Clarice de frente para o Caribe... ao vento.
um beijo do Cieunfuego